sábado, 1 de julho de 2023

INOVA JT SUMMIT 23: PALESTRAS/painéis/falas - Vá direto ao ponto!


ABAIXO, os links para acesso rápido a pontos básicos das palestras, painéis e falas do evento.

28JUN23

PRIMEIRA MANHà

CERIMÔNIA DE ABERTURA

1) Des. MARI ELEDA MIGLIORINI - Boas-vindas.
                              https://www.youtube.com/watch?v=DenV43Xydvw&t=465s

2) VIDEO DO INOVA SUMMIT
                              https://www.youtube.com/watch?v=DenV43Xydvw&t=1510s

3) JUIZ BRÁULIO GABRIEL GUSMÃO: Boas-vindas aos participantes
                              https://www.youtube.com/watch?v=DenV43Xydvw&t=1570s

4) JUÍZA RAFAELA SANTOS MARTINS BARBOSA: Mensagem do CNJ.
                              https://www.youtube.com/watch?v=DenV43Xydvw&t=1930s


PALESTRA 1 : WESLEY VAZ: "Os desafios da JT do Futuro" (palestra)
                            https://www.youtube.com/watch?v=DenV43Xydvw&t=2386s

                            Destreza digital: uma necessidade! 
                            https://www.youtube.com/watch?v=DenV43Xydvw&t=4638s
                            Mensagem de Van Gogh:
                            https://www.youtube.com/watch?v=DenV43Xydvw&t=4759s


 PALESTRA 2: CLARISSA STEFANI TEIXEIRA: "Laboratórios de inovação - o que são, para que servem e qual seu papel!" (Palestra) 
                            https://www.youtube.com/watch?v=DenV43Xydvw&t=9035s

                            Macacos 1: como somos? Não penso, não ouço, não falo... 😂 
                            https://www.youtube.com/watch?v=DenV43Xydvw&t=9170s

                           Os empregos e a tecnologia! 
                            https://www.youtube.com/watch?v=DenV43Xydvw&t=9293s 

                            Perder relevância: o destino de quem não inova. 
                            https://www.youtube.com/watch?v=DenV43Xydvw&t=9480s

                            Macacos 2: dominando a macacada!  😂😂😂😂 Divertidíssimo, mas profundo!
                            https://www.youtube.com/watch?v=DenV43Xydvw&t=9515s

Continuarei, ao menos com a tarde do primeiro dia, que foi sensacional também! 




 


    

domingo, 28 de maio de 2023

Faça o que eu faço! Lições do Pe. Hélio José de Simas, S.J.

Capa do livro "O operário e o padre
História da criação do Sinmetal/SC"
 Dias atrás, estive em Criciúma, SC, na festa dos 60 anos de fundação do Sinmetal/SC. Fui muito bem recebido pelos diretores, especialmente Clézio Silveira (tesoureiro) e pelo presidente, João Batista da Silva. 

Hoje acordei lembrando de um momento da festa. Um dos presentes (eram uns 500) chegou-se a mim e disse: 

-Li teu livro sobre a fundação do Sinmetal/SC! - E para provar, ele acrescentou: 

-Gostei da lição do padre limpando o bacio, quando ele puxa a batina pelo meio das pernas

Ele tinha lido mesmo. Transcrevo abaixo o trecho do livro (p. 135-137) porque o considero muiiiiito especial:

                     "Faça o que eu faço!

Na primeira fase de ocupação da sede [do Sindicato dos Metalúrgicos de Criciúma/SC, na década de 1960] da rua Cel. Pedro Benedet, 304, Hélio Simas chegou a residir uns meses no apartamentinho que existia nos fundos da sala grande. Não sei o porquê, mas residiu.

Trabalhando na parte burocrática, eu era pau para toda obra. Com meus doze ou treze anos, datilografava, saía para fazer cobrança, ia ao correio, atendia o pessoal, preenchia as fichas de inscrição.  E, de lambuja, adorava ajudar na farmácia do Círculo Operário, embaixo.

- Sebastião, podias limpar o banheiro para mim? – falou o padre, enquanto estava ocupado com as máquinas dele, a papelada dos cursos e o mimeógrafo.

“Banheiro, limpar, bah...”, pensei comigo. Não gostei nada do alargamento de minhas funções de repente anunciado. Além de auxiliar administrativo, agora eu seria também o faxineiro.  Putz!

- Tá bom, padre. Pode deixar – respondi sem saber o que dizer, enquanto costurava uma desculpa para fugir do malsinado serviço.

Deixei o tempo correr. Quem podia garantir que o banheiro não se limparia sozinho? Banheiro de padre! Deus podia ajudar!

- E aí, Sebastião, vais ou não limpar o banheiro? – perguntou mais alto o padre.

Deus não tinha ajudado ainda, pelo jeito. E o padre estava ficando incomodado. Não teve jeito. Mesmo contrariado, tinha de encarar a limpeza.

- Agora já posso ir, padre!

- O material de limpeza tá lá dentro. Capricha!

Era um banheiro pequeno, típico de sala comercial.  As cerâmicas baratas eram branquinhas e comuns. E o assoalho de azulejo de uma cor só. Ao lado, numa prateleira improvisada, havia uns panos, sabão, uma escovinha e,  encostada, uma vassoura.

Espanei para cá. Espanei para lá. Passei o pano pelo chão com a vassoura. Dei descarga e joguei um produto de limpeza que tinha um cheirinho gostoso. Sequei tudo. Enxuguei bem as laterais da pia e o local onde ficava o sabonete. Pronto! Uma beleza. “Foi fácil”, pensei comigo.  E fui saindo.

- Já? – perguntou o padre admirado.

- Sim, padre. Tá feito.

- Deixa eu ver!

Ai! Ele entrou pelo quarto a dentro e chegou ao banheiro.

- Você  lavou lá dentro do bacio? - apontou para o buraco cheio de água.

- Sim. Dei descarga e joguei o produto. Tá limpinho, tá vendo?

Para mim era o suficiente. Para que perder tempo com aquela parte nojenta do bacio?

- Rapaz, não é assim. É preciso esfregar!

E, aí, ele me deixou com a cara no chão! Pegou a parte de trás da batina, embaixo, pelo meio das pernas, puxou para frente, e enfiou por trás da faixa larga e preta que sempre usava na cintura. Parecia um indiano, só que com a batina preta. Ele fazia isso sempre que precisava fazer algum trabalho braçal.  Fiquei olhando espantado. Vi os sapatos dele, bem de perto, limpinhos e luzidios, a meia preta e a calça. Aí ele pegou o sabão, abaixou-se  e meteu a mão no bacio, lá dentro, para esfregar.

- É assim, rapaz. Tem de lavar mesmo. Esfregar, entendeu?  -  Aquilo eu entendi. Mas não podia entender como aquela mão branquinha, que levantava a hóstia na igreja e, além disso, distribuía aos fieis, podia ser colocada naquele lugar, daquele jeito.

O padre me dera uma lição para vida inteira. Não devemos querer que os outros façam o que nós mesmos não estamos  dispostos a fazer.

- Depois lava bem a mão, aqui na pia, com bastante sabão. Pronto! - Hoje, usam-se as luvas que, na época  e lá, não existiam. 

Ele não me repreendeu. Nem xingou. Ensinou-me, mostrando que não queria de mim nada que ele mesmo não fizesse.

Era o seu estilo e sua visão de vida." [1]

[1] TAVARES-PEREIRA, S. O operário e o padre.    História da criação do sindicato dos trabalhadores metalúrgicos de Criciúma e região.  Florianópolis: Sebastião Tavares Pereira, 2012, p. 135-137.




sexta-feira, 14 de abril de 2023

Levando o pensamento para o virtual: precisamos de garantias máximas!

 

https://www.euractiv.com/section/artificial-intelligence/news/ai-act-eu-parliament-walking-fine-line-on-banned-practices/  :  "AI Act: Parlamento da UE anda na linha tênue sobre práticas proibidas"

Diríamos por aqui que o Parlamento Europeu está caminhando no fio da navalha. 

Realmente, a linha é tênue e tenta separar visões de mundo e das coisas muito diferentes. 

Primeira pergunta: em nome do combate ao crime (sob todas as formas), deve-se autorizar violações à privacidade? 

Segunda pergunta: em nome da privacidade (e outros direitos fundamentais), devem ser proibidas práticas que parecem indispensáveis para prevenir os crimes? 

Estamos passando por uma revolução sem precedentes, induzida pelos avanços da tecnologia (aqui = aplicações práticas de variados saberes científicos em conjunto).  

Pode-se falar em revolução porque o impacto da tecnologia na conformação de nossa cultura, inclusive jurídica, e de nós mesmos, como humanos, é imensa.  Depois da primeira revolução cognitiva (Harari), ficou conosco a obrigação de nos completarmos tecnologicamente: ampliar nossos potenciais naturais, físicos e cognitivos. 

Gastamos muitos milênios ampliando nossos poderes físicos (musculares/força). Ampliamos o homo.  As máquinas nos levaram pelos ares, pelo espaço, nos deram mobilidades impensáveis para quem só tinha cavalos para andar por aí. 

Agora estamos na era da ampliação da cognição/memória: estamos ampliando o sapiens.  

Estamos nos tornando humanos mais completos e realizando nossa missão no mundo. Vencidos os desafios do físico, podemos lutar para quebrar nossas limitações cognitivas. 

Com a tecnologia, a "banda virtual" (este mundo pluridimensional que a gente funda!)  pode receber e registrar até nossos pensamentos "mais ocultos". E pode recuperá-los, quando quisermos.  Essa externalização nos enriquece sobremaneira? Talvez.  E traz, claro, imensos riscos. A gente já sofre com isso. 

Pois bem: os alemães liberais, no parlamento europeu, pleiteiam máxima proteção contra invasões das comunicações (é um exemplo importante: criptografia ponta-a-ponta autorizada e inviolável![1]). Pensamentos externalizados e, para quem não sabe, registrados. Ainda bem que estão levantando o problema. Mas mexem num vespeiro. Dividem o parlamento.  

A extensão de nossa cognição/memória para o espaço virtual (olha o metaverso aí, renascendo, mas claro terá um outro nome!), precisará de amplíssimas garantias contra invasões de todas as naturezas. Inclusive das policiais, feitas em nome de quaisquer coisas. Se queremos registrar o "pensamento" fora de seu âmbito natural, temos de ter garantias máximas a respeito. 

O memoryGPT é um exemplo banal, muito primário, das potencialidades que os registros de nossas coisas na banda virtual poderá significar, no futuro. Trata-se, no caso, de comunicação homem-algoritmo (reativa, como dizem os pedagogos). 

Sem bancos de dados, sem fórmulas, sem nada, apenas escrevendo ou falando para o algoritmo, a gente registra o que "passou pela cabeça" e, um dia, se quisermos (inclusive porque a memória está comprometida), poderemos perguntar se já pensamos naquele assunto. E lá estarão nossos pensares daquela data, perdidos pela memória natural.  Um assombro, não?  O que fazer com esses novos poderes da tecnologia? 

Já assistimos, nos últimos anos, ao poder da convergência de tecnologias. 
A conjunção tecnológica que está chegando, em termos de velocidade, armazenamento e trato de dados, é inimaginável. E vai mudar tudo. Revolucionar. 
Teremos de aprender a ser humanos diferentes.  

E, pela missão que nos foi dada, seremos "mais humanos" e não menos.  


[1] "
Os liberais alemães propuseram a introdução de uma disposição proibindo 'o uso de um sistema de IA para monitoramento geral, detecção e interpretação de conteúdo privado em serviços de comunicação interpessoal, incluindo todas as medidas que prejudicariam a criptografia de ponta a ponta'”.


segunda-feira, 10 de abril de 2023

A realidade está mudando e todas as teorias estão em polvorosa: a IA é a culpada!



Vou repetir a frase mais dita dos últimos tempos: “estamos vivendo em um período de mudanças significativas”.

Isso quer dizer que todas as teorias e conceitos que utilizamos para compreender o mundo estão sendo questionados e reavaliados: liberdade de expressão, comunicação, emprego, democracia - tudo está no pilão e sendo esmagado!
O pior a fazer, nesse cenário, é se apegar a visões ultrapassadas. Morrer crente em coisas, conceitos e paradigmas (Thomaz Kuhn), que já não são mais os mesmos, é como embarcar em canoa furada sabendo do furo.
O marzão, lá fora, agitado e com vagalhões imensos, engole até os mais bem intencionados.
Isso não é novo, embora nunca tenha sido tão intenso.
A história da ciência e da filosofia mostra que as teorias e conceitos que usamos para descrever a realidade estão sempre sujeitos a mudanças, revisões e atualizações.
À medida que novas evidências são descobertas e novas tecnologias são desenvolvidas, precisamos adotar novas perspectivas e novas teorias sobre o mundo natural e social. Esse é o ponto mais relevante.
Nos últimos 100 anos, temos visto mudanças significativas, em várias áreas do conhecimento, como a física quântica, a biologia molecular, a inteligência artificial e a economia comportamental. A engenharia social ganhou ferramentas de IA de potência inacreditável.
Essas mudanças têm desafiado algumas das teorias e conceitos fundamentais usados para entender o mundo desde Newton.
O mundinho, firme e seguro de três dimensões, está sendo invadido por sistemas de apoio à cognição que trabalham com milhares/milhões de dimensões. De repente, estamos falando todas as línguas e escrevendo até sobre o que não sabíamos nada.

Coisas que vêm das “nuvens” metem-se em nossas vidas, saberes e produções. Nuvens são o nome simplório que damos a esses mundos habitados pelos novos seres de apoio (virtuais). Onde habitam o chatGPT, o BingGPT, e o chatPDF? Nas nossas máquinas fajutas é que não estão, certamente.
A física quântica mostrou que a realidade pode ser muito mais complexa e paradoxal do que pensávamos. Ninguém sabe onde está o elétron pois pode estar em vários lugares ao mesmo tempo. Segundo Heisenberg, a única certeza é a incerteza. O Eintein provou que é possível curvar a luz.
Nossas intuições sobre tempo, espaço e causalidade estão em crise. Na biologia molecular, a descoberta da epigenética tem mostrado que as características dos organismos podem ser influenciadas por fatores ambientais e sociais, além de sua herança genética. O genético acopla-se ao ambiente, natural e social, para garantir a perpetuação do sistema.

A economia comportamental também tem suas pesquisas. As decisões econômicas que tomamos não são racionais. São marcadas por fatores emocionais e cognitivos complexos, por medos muitas vezes infundados, pela notícia de ontem (falsa). Contradizer a teoria econômica clássica é o mais comum.
Chega a ser melhor entregar tudo a um algoritmo, um ser sem emoções, expressão fixada e inalterável de um complexo cognitivo previamente estabelecido por quem entende do riscado. Ele está blindado contra as fakenews da hora. Orienta-se por dados. Um ser “objetivo”, sem subjetividade. Se depois de A deve vir B, virá o B, ainda que um meteorito gigante vá atingir o planeta no minuto seguinte. Essa é a vantagem das máquinas.
Enfim, todas as teorias estão em polvorosa, dando-se conta de que seus esquemas de interpretação do real apresentam anomalias. Certas áreas são receptivas à ideia de mudança e sofrem menos.
Mas há, principalmente entre as sociais e jurídicas (estas as que incorporam modelos regulatórios), as que sofrem muito, agarradas a antigos paradigmas e verdades que são expressão de ideologias demonstrativamente falsas.
A tecnologia ( com ênfase para a IA) está chutando os paus das barracas, provocando correrias e exibindo os que estavam de fora do bom aconchego.
A constatação das anomalias teóricas e jurídicas é válida e importante para reconhecer que nosso conhecimento sobre o mundo está sempre evoluindo e sendo reavaliado.
Temos de cultivar a humildade, como dizia meu professor de metodologia científica. Sabemos pouco e limitadamente acerca de tudo. Todo saber é fugaz e relativo. Só novas perspectivas nos habilitam para entender o mundo transformado e nossas relações com ele.
(Ilustração BingGPT/Dall-E)